Impacto do financiamento FCT nas carreiras de investigação em Portugal

Estudo/Inquérito

A FCT analisou os percursos profissionais de 5.800 ex-bolseiros de doutoramento, cujas bolsas tiveram início entre 1995 e 2012, em diversos momentos após a obtenção do grau. Desta análise nasceu o estudo “Impacto do financiamento FCT nas carreiras de investigação em Portugal –  trajetórias profissionais de ex-bolseiros de doutoramento FCT”, que visa contribuir para uma perspetiva alargada da situação dos doutorados financiados pela FCT.

taxa de sucesso é uma das conclusões a destacar: a percentagem de bolseiros que obteve o grau é superior a 88%, um valor elevado e comparável com o de outros países da União Europeia. A percentagem de bolseiros que obteve o grau é ligeiramente superior nas mulheres, bem como nos bolseiros mais jovens à data de início da bolsa.

O estudo conclui ainda que, no cômputo geral, 60% dos ex-bolseiros de doutoramento exerciam atividade de I&D no Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Cinco anos após a obtenção do grau, 65% eram docentes/investigadores e 29% eram bolseiros, mas a situação profissional varia de forma acentuada em função da data de início da bolsa e do tempo decorrido após o grau. A maioria dos doutorados que tiveram bolsa da FCT nos anos 90 é atualmente docente (75%). Os dados revelam também que, entre os doutorados no SNCT, as extintas bolsas de pós-doutoramento e o atual Programa de Estímulo ao Emprego Científico (ambos promovidos pela FCT) desempenham um papel fundamental na transição dos doutorados para as funções de docente ou investigador. Os ex-bolseiros da FCT têm maioritariamente (90%) atividade de I&D no setor Ensino Superior, o que está em linha com o que se verifica para o SNCT como um todo.

Em Portugal, os números mais recentes do inquérito Careers of Doctorate Holders (CDH), da responsabilidade da DGEEC (relativos a 2020), revelam que a taxa de desemprego dos detentores do grau de doutor é muito baixa (2%)Mais de 80% do total de doutorados residentes no nosso país realizavam atividades de I&D: 68% dos quais tinham contrato permanente e 32% dos quais tinham contrato a termo.

A concessão de bolsas através de concursos periódicos é uma das atividades centrais da FCT, de que se  destacam as bolsas de doutoramento, e é essencial para a expansão do SNCT. Desde a sua criação, em 1997, a FCT concedeu mais de 30 mil bolsas, um investimento feito através do Orçamento do Estado e de Fundos Estruturais Europeus que ultrapassa os 2,3 mil milhões de euros e corresponde a cerca de 30% do investimento total da FCT. Este investimento em formação avançada traduziu-se num aumento muito significativo do número de doutoramentos realizados em Portugal, cujo número acumulado ultrapassava os 35 mil em 2021 e ao qual se somam os doutoramentos realizados no estrangeiro e reconhecidos no país.

Os resultados do estudo “Impacto do financiamento FCT nas carreiras de investigação em Portugal – trajetórias profissionais de ex-bolseiros de doutoramento FCT” são disponibilizados em dois documentos, o relatório final e uma síntese dos principais resultados.

A Presidente da FCT, Madalena Alves, afirmou:

“Este trabalho contribuiu para atenuar a lacuna de informação sobre o impacto do financiamento FCT à formação doutoral, uma vez que não existia nenhuma análise sobre o sucesso na obtenção do grau de doutor dos bolseiros financiados pela FCT, nem sobre as trajetórias posteriores de inserção profissional. É evidente a crescente maturidade e atratividade do SNCT, ilustrada pela existência de menos bolsas exclusivamente no estrangeiro, maior cooperação internacional e nacional, e mais estudantes estrangeiros. Os resultados demonstram uma utilização eficiente de fundos públicos incluindo fundos estruturais europeus, com taxas de sucesso na obtenção do grau elevadas e comparáveis com as de outros países da UE.”

 

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